segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CINTO DE SEGURANÇA SALVA VIDAS, USE!






Cinco décadas se passaram desde o lançamento do cinto de segurança e muitos brasileiros ainda resistem em utilizá-lo.
O artigo 167 do Código de Trânsito Brasileiro considera infração grave e prevê multa de R$ 127,69 para cada condutor ou passageiro sem o cinto de segurança. O motorista ganha ainda cinco pontos na carteira.
A legislação não é levada a sério em muitos pontos movimentados e os riscos podem ser vistos com facilidade tanto nas rodovias — onde o perigo de colisões é maior —, como na saída de condomínios e locais de pouco fluxo de carros.


As desculpas

Mas o que leva alguém a não querer usar o cinto de segurança? O desconforto e o esquecimento são os principais motivos alegados por condutores e passageiros. Para a comerciante Maria das Graças Araújo, 46 anos, o problema é mais recorrente em curtas distâncias. “Quando vou para um lugar muito perto de casa costumo esquecer, mas geralmente uso, principalmente nas rodovias porque acho mais perigoso”, garantiu. O taxista Francisco Oliveira, 46 anos, admite não gostar do equipamento. “Trabalho cerca de 15 horas por dia e o cinto acaba incomodando e dá dor na coluna. Só coloco quando passo por algum policial, mas depois solto de novo”, admitiu. Francisco, inclusive, já sofreu um acidente há cerca de cinco anos. “O carro capotou e eu estava sem cinto, só que não aconteceu nada comigo”, relatou.

Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), usar o cinto aumenta em 70% as chances de uma pessoa sobreviver em um acidente e de não ter lesões graves. Vice-presidente da instituição, o médico José Montal conta que, antes do uso obrigatório do cinto, cerca de 2 mil pessoas davam entrada nos hospitais do país com alguma perfuração no olho ou lesão na coluna após o impacto de uma batida. Em todo o ano passado, esse número caiu para 90 casos.


1 - Perigo

No Brasil, a principal causa externa de morte de crianças com idade entre 1 e 14 anos são os acidentes de trânsito. Anualmente, mais de 2 mil crianças nessa faixa etária morrem em colisões de carro e atropelamentos e 38 mil sofrem lesões graves.


Eles se salvaram

Há quase três anos, um acidente quase matou o aposentado Joaquim Garcia, 63 anos. Em 5 de julho de 2007, ele seguia rumo a Caldas Novas (GO) com o cunhado quando foi fechado por um caminhão. O carro capotou por várias vezes ribanceira abaixo. Joaquim fraturou a coluna e ficou em coma por dois meses, com mãos e pernas dormentes, mas, se não fosse pelo cinto, ele acredita que não estaria vivo para contar a história. “Com certeza, eu seria arremessado para fora do carro pelo para-brisa. Poderia ter quebrado o pescoço ou batido a cabeça. Seria muito pior”, disse.

O cunhado estava no banco traseiro e chegou a ser lançado para fora, mas sofreu apenas alguns arranhões. “Foi sorte dele, mas no meu caso o cinto me salvou”, acredita. Se antes Joaquim já usava o cinto, hoje em dia ele não deixa de afivelá-lo nem que seja para ir à esquina.

Alívio

Outra que respirou aliviada após um acidente de trânsito foi a garçonete Maria Rodrigues, 22 anos. Na manhã do último domingo, ela voltava de uma festa com um grupo de quatro amigos quando a motorista perdeu o controle e subiu no meio-fio em alta velocidade. “O carro estava a uns 70km/h e, quando subiu no canteiro, foi direto para o poste. Estava sentada no banco da frente e se não estivesse com o cinto eu teria batido a cabeça”, acredita.

Especialistas defendem que o uso do cinto de segurança deva ser mais cobrado em ações fiscalizatórias e ser mais explorado em campanhas educativas. Dos R$ 75.962.472 arrecadados com multas pelo Detran até novembro do ano passado, R$ 9.208.906 foram gastos com educação, ou seja, 12% foram revertidos em campanhas de conscientização no trânsito. Menos ainda foi investido em fiscalização. Um total de R$ 1.443.048 foi desembolsado, o equivalente a 1,89% do montante arrecadado.

Silvain Fonseca, do Detran, admite que a quantia é pequena diante da necessidade de prevenção contra acidentes. “O efetivo de fiscais hoje nas ruas é muito pequeno. Para cada uma multa aplicada, outras 8 mil não são flagradas. Com a presença do Estado nas pistas, todo mundo sai ganhando”, acredita Fonseca. (MP)